quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Era uma vez um pé de frutas…

No trajeto São Paulo - Presidente Venceslau há uma barraca de sucos e salgados as margens da rodovia, mais ou menos em Ourinhos. Lá conheci a simpática dona Olga, hoje com mais de 80 anos e muitas histórias pra contar.
Quem vê o sorriso no rosto da pequena senhora não imagina como foram duros e longos os anos para a formação das rugas que ela tem hoje. A história começa a ser contada para mim depois do casamento dela. Com pouco mais de vinte anos ela se casou, nos antigos moldes orientais, o chamado “miai”, casamento arranjado. Com o marido teve dois filhos, mas a vida, que parecia já traçada, mudou drasticamente. Quando tinha 30 anos, dois filhos (um com quatro anos e outro com dois anos) a vida lhe pregou uma peça. O marido faleceu e a deixou sozinha, com as crianças para cuidar.
Só que dona Olga não desistiu da vida. Sabia que ainda era nova e era possível recomeçar. Por isso, pouco tempo depois, arrumou um segundo casamento. Só que o marido, apesar de lhe interessar, vinha com uma pequena bagagem extra. Era também viúvo, mas com cinco filhos e mais cinco sobrinhos que tinha como missão cuidar.
Dona Olga, viúva, 30 anos, dois filhos agora mudava para dona Olga casada novamente e com doze crianças para cuidar.
Lá, naquele mesmo local onde ela vive hoje, a família cultivava frutas, das mais belas variedades. Foi aqui que ela teve sua primeira visão empreendedora. Pensou: “Tenho tantas frutas para a família, mas tantas sobram, porque não vender frutas?”
E foi assim que dona Olga montou uma barraquinha ao lado de sua propriedade rural, nasmargens da rodovia. Só que passado um tempo dona Olga quase perdeu a barraquinha. O DER, Departamento de Estradas de Rodagem, que controlava a rodovia, avisou a bela senhora que ali ela não poderia ficar por se tratar de um comércio irregular.
Tudo bem! Mas não pense que aqui ela desistiu. Com seu charme, alegria contagiante, conversou e se informou de que se regulariza-se a área poderia vender suas frutas e ganhar o dinheiro extra de uma forma regular. Foi lá dona Olga demarcar seu local e vender feliz e contente as suas frutas.
Passaram-se alguns anos, os filhos um pouco mais crescidos.. Dona Olga resolveu ousar: “Não vou mais vender só frutas, vou vender também sucos.” E foi lá a senhora forte e sonhadora fazer mais um dinheirinho para a educação das crianças. Só que mais uma vez veio o DER. Ela me contou que eles explicaram que a licença dela era apenas para vender frutas, que naquela área não poderia também vender sucos. Foi aí que dona Olga novamente se informou e regularizou o local para vender sucos. Puxou sua barraquinha um pouco mais pro lado, numa área maior, e levantou um puxadinho.
Seguindo vendendo suas frutas e seus sucos dona Olga teve outra idéia, vender também salgados! Mas o que escolher para vender? Rapidamente ela pensou: “Eu faço coxinhas, bolinhos de carne.. Eu gosto, minhas crianças gostam, os vizinhos e parentes também. Então porque as outras pessoas não vão gostar? Acho que todos vão gostar também!” E adivinhem? Dona Olga começou a fazer salgadinhos para vender também..
Só que sabe o que aconteceu???.....

Não não! Não foi o DER dessa vez. Agora a vigilância sanitária da cidade procurou dona Olga. Disse que ela não poderia comercializar alimentos sem estar de acordo com as normas sanitárias. Dona Olga não desiste nunca, então tratou de providenciar as torneiras, paredes de azulejos, tudo como manda a lei.

E é assim que ela vive até hoje. Já aposentou, o marido também, mas ela conta que não consegue ficar de pernas para o ar vendo televisão, gosta mesmo é de trabalhar! E sempre feliz!
E sabe por que estou contanto isso para vocês?
Não importa o tamanho do seu sonho e o que você tem. Pode começar com um pé de frutas, mas pode chegar a uma lanchonete. Pode colher limões e fazer uma limonada. Tudo é saber vencer os obstáculos que nos são colocados. Dona Olga nunca desanimou, nem com a morte do primeiro marido, nem com as doze crianças que teve que criar, educar e sustentar. E nem com os empecilhos que eram colocados no empreendimento dela. Hoje com mais de oitenta anos continua sem estudo, mas tem o que todo mundo precisa ter. Coragem de tentar, ousar, dar certo, coragem de ser feliz!

:)

domingo, 23 de outubro de 2011

Ser ou não ser capitão?

Uma vez ouvi falar de que o capitão de um time de futebol é sempre o mais experiente, de ânimos mais calmos, o “encarregado” de cobrar do juiz uma falta não marcada, um impedimento não existente... Mas com o passar dos jogos começo a ficar em dúvida.
No Corinthians a tal faixa parece estar começando a traçar uma sina não muito agradável. No jogo deste domingo Alessandro estava com ela. O jogo valia continuar ou não como líder do Brasileirão. E o universo parecia conspirar a favor do Corinthians, com as derrotas de Botafogo, Fluminense e São Paulo no sábado, parecia que São Jorge, o santo protetor alvinegro começava a ajudar. Só que domingo a história foi outra. Aos quarenta minutos do primeiro tempo Alessandro, capitão do Timão, deu um carrinho desnecessário em Andrezinho e acabou expulso. Ficou P da vida, arrancou a braçadeira de capitão e a jogou no gramado.
Agora está fora da próxima partida. Mas será que o técnico Tite vai tomar alguma decisão mais dura em relação à atitude dele em campo?

Um outro capitão corinthiano, hoje ex-capitão
Chicão ficou afastado do time titular do Corinthians, o ex-capitão não vinha ficando nem no banco de reservas, mas foi relacionado pelo técnico Tite para a partida contra o Botafogo. O afastamento de Chicão foi depois da derrota por 3 a 1 no clássico contra o Santos. Ele "pagou o pato" pelas inúmeras falhas do sistema defensivo. No jogo seguinte, contra o São Paulo, Chicão se recusou a ficar no banco alegando que não tinha preparo psicológico para isso. Tite entendeu a posição do atleta, porém não o relacionou mais, principalmente porque os titulares da posicão, Leandro Castán e Paulo André, deram conta do recado, e Wallace, suplente imediato, também não decepcionaram quando foram solicitados.

De capitão a vilão
Voltando um pouco ao passado essa teoria de que o capitão é a uma das figuras de maior respeito em campo lembro-me da época em que Kleber Gladiador, atacante amado e idolatrado pela torcida palmeirense recebeu a faixa de capitão. Na época Felipão era todo elogios ao atleta que muitas vezes era mal interpretado nas faltas que cometia, era taxado de violento e brigão. A braçadeira foi dada a ele como uma maneira dos juízes observarem com mais atenção os cartões que aplicavam ao atacante palmeirense.
Só que depois da agressão sofrida pelo volante João Vitor Kleber acabou brigando com a diretoria e com o técnico Felipão. Foi um dos mentores da ação de deixar a concentração e voltar apenas no outro dia para embarcar. A briga ultrapassou os muros palmeirenses e causou um desconforto entre Kleber e Felipão. O técnico chegou a declarar que o Gladiador não jogaria mais sob seu comendo. Polemica a parte, Kleber fica ou sai do time? Ao que tudo indica pode ir para o Grêmio de Porto Alegre.

E aí! Quer ser capitão do seu time?

sábado, 22 de outubro de 2011

Uma noite no teatro

Teatro é sempre bom, não é mesmo?

No último feriado viajei para a casa da família, Presidente Venceslau, interior de São Paulo. Entre programas gastronômicos, sempre rola um social, um cultural. Um dia depois de uma balada nervosa a opção que mais agrada é uma comédia romântica no teatro e depois um jantarzinho. E foi o que escolhi.
No dia anterior já estava em Presidente Prudente, 60km de distância da casa da mamãe, quarenta minutos pra chegar lá. A saudade do trânsito de São Paulo nunca existe nesses momentos.
E para ir ao teatro menos ainda. Compramos as entradas à tarde, escolhemos um lugar bom, de frente pro palco, um pouco atrás pra não sentir na pele as cusparadas dos atores... Rs
Enfim.. meia entrada, sem precisar apresentar a carteirinha de estudante. (Mas juro pra vocês que eu tenho, faço pós graduação, Rs) Estava na casa da Maysa, minha amigona e companheira do programinha, saímos faltando apenas quinze minutos para o início do espetáculo, se fosse aqui em São Paulo ia pensar: “Ih! Fod#*&!” Mas não! Chegamos, não enfrentamos filas e nossos lugares estavam ali, a nossa espera. Sentamos e aí veio o sinal sonoro para a peça começar. Enquanto isso a pessoa que comprou a poltrona na minha frente ia se ajeitando, e BINGO! Eu com meus 1,65m de altura virei um anão. Só enxergava o que a cabeça me permitia, a cabeça da cabeçuda. Aí começa a peça, “O grande amor da minha vida” com os atores Thiago Martins e Paloma Bernardi (http://caras.uol.com.br/noticia/thiago-martins-fala-sobre-sua-nova-peca-paloma-bernardi-o-grande-amor-da-minha-vida#image0)
Mas quando as luzes se apagam, e depois se acendem, penso: “Acharam que eu não ia ver não é? Hahahaha, os atores estão em púlpitos, um de cada lado do palco! A cabeça está no meio!!” Retardada eu pensando que a peça seria toda nas laterais do campo! “Dããã!”
Os personagens são também narradores da peça, quando narram ficam nos púlpitos e quando encenam vão pro meio! Justo o meio da cabeçuda! “Deveria existir plástica ou redução para cabeça”
Você deve estar pensando: “Nossa só por causa de uma visão interrompida?” Poxa, a menina estava em posição de impedimento! Eu precisava ver a jogada! E não bastasse essa jogadora impedida eu tinha um zagueiro do meu lado esquerdo!
Enquanto eu estava acomodada em minha poltrona a vizinha zagueira queria a minha poltrona pra ela também. Os braços não se contentavam com a região entre os apoiadores laterais e a poltrona dela, a poltrona que ela pagou. Ela queria mais, queria a minha, colocava seu cotovelo além dos braços da poltrona e os empurrava, contra meus braços, e fazia força, como quem vai fazer cocô, para ver se eu tirava o meu braço de lá! Mas onde que eu ia enfiar o meu braço? Aquele era o MEU lugar.
Nessa altura os personagens já tinham se conhecido e a platéia já começava a entrar na história, pensar nos sinais do destino, que as pessoas podem conhecer o grande amor da vida delas numa linha cruzada, numa fila de banco, e até num teatro. E eu pensava: “Posso conhecer meus grandes inimigos por aqui!!!!!!!” Aí fui “garrando um ódio sabe?” e comecei a empurrar meu braço até o limite entre minha poltrona e da zagueira, e fui ficando nervosa. Driblando a cabeçuda da frente para enxergar a peça e sofrendo faltas da zagueira o tempo todo.
Já irritada, fazendo exercícios de musculação com o braço esquerdo, pensando em trocar os óculos, percebo que minha amiga também estava irritada. Quando percebo, a moça, do lado direito dela estava comentando a peça, é.... ELA ACHOU QUE ERA CRÍTICA DE TEATRO! Só que os comentários, o conteúdo deles, se limitavam no porte físico do ator Thiago Martins, na cueca samba calção que lhe valorizava os músculos. Tá certo que ele é bem gostosinho mesmo, mas será que é difícil ficar quieto no teatro?!?!
E outra coisa: Se você é grande, alta, ou tem a cabeça grande, por favor, sente-se no fundo. E você querida zagueira! Eu sou apenas uma jornalista esportiva, não to querendo ser marcada não!
Ufa!! Desculpem o desabafo, mas acredito que todo mundo já tenha passado por pelo menos um contratempo com pessoas que não tem noção de espaço, não apenas físico.,..

Mas por fim a peça foi legal viu? Os atores são bons, a história divertida, e a gente pode rir muito, se não sentar na poltrona 178 do teatro Cesar Cava no dia 16 de outubro de 2011!