domingo, 5 de agosto de 2012

Você sabe qual a origem da palavra “torcedor”?!


Pode parecer inusitado, mas é a mais pura realidade

Se você pensa que a relação entre o esporte e o universo feminino é recente, se engana. A primeira torcida era feminina. E pra você entender, vou contar uma história, real!
No começo do futebol, ir ao estádio era apenas para os mais refinados. As mulheres se vestiam elegantíssimas. Muito bem enfeitadas e com muitos assessórios. Além das jóias não podiam faltar os chapéus e as luvas.
Mesmo o Rio de Janeiro registrando seus 40 graus, em pleno verão, toda a “beca” era extremamente necessária. O programa, assistir ao futebol, era uma oportunidade de “footing” também. Pra quem não sabe o tal do “footing” era a paquera daquela época.
Pois bem! As moças iam assistir os maridos, noivos ou pretendentes, praticar esporte. No caso, o futebol! E como o esporte é emocionante e quem estava correndo, sofrendo faltas e fazendo gols eram os donos dos corações delas a emoção se tornava algo muito maior. A emoção aliada ao forte calor as fazia retirar as luvas, a transpiração era inevitável.

“O Coelho Neto, que além de poeta e cronista era pai de dois jogadores do Fluminense: o Preguinho, que foi o primeiro homem a fazer um gol pela seleção brasileira em uma Copa do Mundo, e do Mano, que morreu em conseqüência de um jogo de futebol, levou uma bolada e acabou morrendo; pois o Coelho Neto escreveu uma crônica em que ele usava a expressão “as torcedoras”, referindo-se às mulheres e dali a expressão pegou e nasceu a torcida. Havia quem dissesse que torcida vinha do fato de as pessoas torcerem os fatos, de o torcedor torcer os fatos a favor de seu clube, mas não foi daí que o termo veio não. Apesar de que quem torce, realmente torce as coisas e até distorce. Mas, na verdade, não foi por isso, foi mesmo pelo gesto das moças, principalmente, das que torciam as luvas entre as mãos.” (Jornalista Luiz Mendes)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Em posição de impedimento: as mulheres no país do futebol





Por Fábio Franzini
10/08/2006

Conta-se que, certa vez perguntado sobre o que achava do futebol feminino, o comentarista esportivo e ex-técnico João Saldanha teria dito: “Sou contra. Imagina, o cara tem um filho, aí o filho arranja uma namorada, apresenta a namorada ao sogro e o sogro pergunta a ela: ‘O que você faz, minha filha?’ E a mocinha responde: ‘Sou zagueiro do Bangu’. Quer dizer, não pega bem, não é?”.

A tirada jocosa, bem ao estilo de Saldanha, tem sua lógica. Desde sua origem, o universo do futebol caracteriza-se por ser um espaço eminentemente masculino. Como tal espaço não é apenas esportivo, mas também sociocultural, os valores nele embutidos e dele derivados estabelecem limites que, embora nem sempre tão claros, devem ser observados para a perfeita manutenção da ordem atribuída ao jogo. No caso da sociedade brasileira, sabemos bem que “futebol é coisa para macho”. Não surpreende, portanto, que as mulheres não sejam reconhecidas como mais um sujeito da história do país do futebol, apesar de se fazerem presentes nos campos desde os primeiros anos desse esporte entre nós.

Já no início do século XX, quando o futebol tinha um verniz aristocrático e era praticado em inglês em seletos clubs, participar do jogo era um programa de finas famílias. Os moços empenhavam-se no gramado, as moças inquietavam-se nas arquibancadas, os pais divertiam-se despreocupadamente, tudo em perfeito acordo com a etiqueta social da belle-époque. Enquanto isso, em outras paragens menos nobres, a bola também começava a rolar e a atrair a atenção de muita gente, de ambos os sexos. Afinal, nas várzeas, nos terrenos baldios, nos aterros, as acomodações podiam ser precárias, mas as emoções não deixavam a desejar.

Quando a rápida popularização do futebol promoveu o encontro entre esses dois mundos distintos, por volta da década de 1920, o perfil de seus freqüentadores sofreu uma grande mudança. De um lado, os jogadores passaram a entrar em campo graças ao talento e não ao sobrenome; de outro, o público agora vinha muito mais dos galpões das fábricas que dos salões de chá ou de baile. Nem por isso, contudo, as mulheres deixaram de acompanhar o futebol. Tanto que até na ficção da época as torcedoras já aparecem com destaque, como mostram as esfuziantes Miquelina e Iolanda, personagens centrais do conto “Corinthians (2) x Palestra (1)”, de Antonio de Alcântara Machado.

Anos depois, as mulheres procuraram ir além das arquibancadas e também calçar chuteiras: no início dos anos 1940, existiam cerca de dez equipes de futebol feminino em atividade no Rio de Janeiro. E que não se pense em Flamengo, Fluminense, Botafogo ou Vasco da Gama, pois, constituídos nos subúrbios cariocas, o Eva F. C., o E. C. Brasileiro, o Cassino Realengo ou o Benfica F. C. estavam muito longe, em todos os sentidos, dos tradicionais clubes da cidade. As diferenças estruturais entre eles eram tão grandes que, para formar seu quadro de jogadoras, o Primavera F. C. publicou nos jornais o seguinte anúncio: “Moças de 15 a 25 anos, que queiram ingressar no football, com consentimento dos seus maiores, queiram apresentar-se à rua Silva Gomes, 131, em Cascadura, das 17 em diante”.

A novidade representada pela aparição dessas equipes despertou amores e ódios no eixo Rio – São Paulo. Os amores, no entanto, duraram pouco, enquanto os ódios foram viscerais. O machismo e o moralismo falaram mais alto, e as jovens futebolistas foram duramente criticadas pelas páginas da imprensa. Aos olhos do período, tratava-se de uma grave subversão de papéis sociais, uma vez que, além de deixar o âmbito doméstico para invadir o espaço dos homens, elas estariam ainda abandonando suas “funções naturais”, voltadas à maternidade. Não por acaso, o foco dos debates centrava-se no uso que as mulheres faziam de seu próprio corpo: “delicado” e “frágil”, ele não seria em nada compatível com a prática de um esporte tão viril e bruto, que comprometeria seriamente seus órgãos reprodutores.

No contexto da ditadura Vargas, a polêmica gerada por tamanho desvio de conduta também não deixaria de mobilizar o Estado, então empenhado, entre outras coisas, justamente em regulamentar o esporte. Em maio de 1940, um parecer oficial da Subdivisão de Medicina Especializada, ligada à Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Saúde, recomendava que o governo fizesse uma campanha de propaganda “mostrando os malefícios causados pelo futebol praticado pelas mulheres”, até que a regulamentação viesse a proibi-lo de vez. Ao que tudo indica, a campanha não chegou a ser desencadeada, mas, com a criação do Conselho Nacional de Desportos (CND), no ano seguinte, as mulheres foram expressa e oficialmente impedidas de praticar “desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Pela obviedade da situação, não era preciso dizer que o futebol estava entre eles.

Mesmo antes disso, a questão já havia virado caso de polícia na capital federal, devido a alguns acontecimentos condenados pelos guardiões da moral e dos bons costumes. Em janeiro de 1941, o Primavera F. C. tentava viajar a Buenos Aires para realizar alguns jogos de exibição, ao mesmo tempo em que, segundo o jornal paulistano A Gazeta Esportiva, “uma gorda matrona sem consciência” transformara uma equipe de futebol feminino em um grupo de bailarinas que “surgiam nos dancings e cabarets com a mesma indumentária dos campos: calções curtos, tornozeleiras e chuteiras”. Os dois casos, ainda que bem diferentes, foram tidos como motivo de vergonha para o esporte nacional e, principalmente, para a “família brasileira”, e levaram as autoridades a fechar de modo sumário os “clubes de moças” então existentes.

De modo geral, não houve sensibilidade para compreender a entrada das mulheres em campo como uma decorrência da popularização do futebol entre nós. Todas as reações a esse movimento, como se pode perceber, foram no sentido de colocá-las “no seu devido lugar”. Para elas, futebol só da arquibancada, e ainda assim em lugares reservados, como se fossem guetos na torcida. Neste caso, sua presença nos estádios era, além de saudada, estimulada pela imprensa. A relação tolerada das mulheres com o futebol funcionava assim como metáfora de sua posição na sociedade brasileira da época, já que, nesta, seu papel não era muito diferente de ficar nos reservados da assistência, vendo os homens “construírem a nação”.

Depois do cerceamento vivido no início dos anos 1940, o futebol feminino no Brasil limitou-se a manifestações esparsas ao longo do tempo, sem chegar sequer a esboçar a constituição de um novo centro irradiador, ou mesmo minimamente estruturado. Isto não significa que a simples possibilidade de sua existência não incomodasse, uma vez que, logo no início da ditadura militar, o CND proibiu às mulheres “a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball”. A proibição só veio a ser revogada na década de 1980, e se fez acompanhar da criação de departamentos de futebol feminino em vários clubes do país, bem como do surgimento de equipes específicas, como a do Radar, do Rio de Janeiro. Mesmo assim, as dificuldades culturais e materiais persistiram, fazendo com que a prática ora se expandisse, ora entrasse em refluxo. Tanto que nem a conquista do terceiro lugar na Copa do Mundo de 1999 ou a medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, bastaram para fixar uma estrutura que guardasse alguma semelhança com a do masculino.

Hoje, apesar do envolvimento cada vez maior das mulheres com o universo do futebol, a identidade masculina criada e constantemente reafirmada ao longo da história da bola no Brasil ainda faz com que boa parte das mulheres sequer se reconheça no jogo – “coisa de homem”, lembremos. Para as que desejam ir além da torcida, continuam existindo dificuldades de toda sorte para a sua afirmação dentro dos gramados, em calções e chuteiras. Seja como for, para todas elas o país do futebol assume forma bem diversa daquela consagrada no senso comum: para as primeiras, tal país é um lugar muito distante; para as demais, um lugar de exílio.


Fábio Franzini é doutorando em história social na USP e autor do livro Corações na ponta da chuteira: capítulos iniciais da história do futebol brasileiro (1919-1938) (Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2003). Versão ampliada deste texto foi publicada na Revista Brasileira de História n. 50, sob o título “Futebol é ‘coisa para macho’? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol”, e pode ser acessado a partir do endereço eletrônico www.scielo.br/rbh.

sábado, 2 de junho de 2012

A história de hoje é sobre a vida..


Lara era professora da primeira série, cuidava e ajudava as crianças nos seus primeiros passos para a alfabetização. Além de dar amor e carinho, protegê-las nas brincadeiras do dia-a-dia escolar.
Ela namorava Santiago, um jovem bonito, professor de música, que há muito tempo sonhava com uma bolsa de estudos na Europa. Mal sabia a professorinha que ele tinha recebido a notícia de que havia conseguido a tal sonhada bolsa de estudos. Iria para Madri.
O que ele não sabia também é que ela tinha acabado de descobrir que estava grávida. Filho fruto do louco amor de poucos meses que os dois estavam vivendo.
Só que a vida nos prega peças, nos deixa em dúvida e as vezes não seguimos o nosso coração. Santiago estava disposto a ir embora sem falar com Lara, pra ele o sonho da bolsa era maior do que qualquer amor. O que ele planejava há anos não poderia ser mudado.
Mas Lara foi até ele lhe contar do bebê. No apartamento dele uma festa que ela não havia sido convidada. Mesmo assim se manteve serena, como sempre foi e pediu para conversar com ele. Num jardim de uma praça ali próxima ela lhe entregou cópias da chave de seu apartamento, chamava Santiago para morar com ela.
Neste momento ele lhe contou da bolsa, disse que ela tinha estragado tudo. Ela o questionava, será que teria coragem de deixá-la sem ao menos lhe contar para onde iria. Ele a olhava, aparentemente indiferente ao amor que eles tanto sentiam um pelo outro. Foi então que ela contou, estava grávida.
Sem reação ele ficou paralisado. Não a abraçou, nem ficou feliz com a notícia do filho. Ela decidiu ir embora já que a decisão dele era abandoná-la.
Passaram-se alguns dias, Lara pensava em tirar o bebê. Conseguiu comprar de maneira ilícita remédios para abortar. Passou dias segurando os quatro comprimidos. Chorava, pensava em Santiago e no abandono. Pensava em ser tão egoísta quanto ele, em recusar uma linda vida que só pedia para nascer.
Nesse meio tempo ela não sabia, mas ele havia se dado conta do quanto a amava, e de que planos não são tudo na vida da gente. Que o amor e o coração podem nos guiar. Correu ao encontro dela. Mas no trajeto o ônibus que estava foi assaltado. O bandido atirou no motorista que capotou o ônibus. Todos morreram.
Nesse instante um amigo em comum dos dois, que era também jornalista de uma emissora de TV, assistia ao noticiário e viu o amigo morto. Correu para casa de Lara, avisá-la da morte dele. Ela chorou, e parou de pensar em tirar o bebê.
Não sei se vocês acreditam em reencarnação, mas esta história foi contada por mim, pela visão de um trecho do filme “As mães de Chico”. Um tempo depois, através de uma carta psicografada por Chico Xavier, ela descobriu que aquele dia Santiago estava correndo para o seu encontro e que realmente a amava.
Tarde ou não as respostas vieram.
Se você, homem ou mulher, receber a graça de ser pai ou mãe, nunca pense em aborto. Ninguém tem culpa dos seus medos, dos seus defeitos, do momento da vida que está passando. Uma vida sempre é uma vida. Não seja tão egoísta.

;)